
4ª sessão
Há necessidade de um movimento revolucionário na cultura que se aproprie, com grande eficácia, da liberdade de espírito e da liberdade concreta dos costumes que o surrealismo reivindicava. Para o Situacionalismo, o Surrealismo foi apenas o início da experiência revolucionária cultural, uma experiência que atingiu quase imediatamente o seu auge na prática e na teoria. É uma questão de levar a questão mais longe. (…)Uma continuação do surrealismo seria, de facto, a atitude mais consistente a tomar se nada de novo aparecesse para o substituir. (…) Não é fácil formar hoje um movimento mais libertador do que o surrealismo de 1924 – aquele que Breton prometeu reagrupar se voltasse a aparecer – porque o seu carácter emancipatório depende agora da apropriação de meios muito mais avançados. Mas aqueles que se dizem surrealistas em 1958 não só são incapazes de liderar este novo movimento, como estão mesmo determinados a combatê-lo.
Guy Débord, Junho, 1958